terça-feira, 3 de junho de 2014

HOMESCHOOLING

Espaço Nascente
Por quatro anos da minha vida fui um número. Variava entre o 130 e 140. Entre 300, era considerada mediana. Nunca gostei deste título, mas era assim que funcionava em um dos colégios que estudei. A lembrança que levo desta época era de medo. Medo de fazer a prova, medo de ver o resultado e medo de não passar de ano. Era um colégio famoso por aprovar muitos no vestibular da USP, mas eu não passei. Sempre soube que o objetivo dos meus pais era me preparar para o futuro. Eles queriam o melhor para mim. 

Passados alguns anos virei mãe. Quando decidi que a Giulia iria frequentar uma escolinha, procurei e não achei. Minha mãe ficou com ela um ano e pouquinho. A experiência com a vovó foi maravilhosa, mas era hora de começar a andar sozinha e fiz a matrícula. A adaptação foi tranquila e ela adora estar com os amiguinhos e os professores. Mas será sempre assim? Não sei. 

Foi na última consulta no Espaço Nascente que o Cacá comentou sobre a necessidade de ver se a criança gosta ou não da escola. Lembro que ele falou algo do tipo "precisamos enxergar os sinais que nossos filhos nos dão." O alerta era claro, a escola tem de ser a que seu filho se sinta bem. O recado me remeteu ao passado e hoje é óbvio que o colégio onde passei quatro anos não era o melhor para mim. 

Espaço Nascente
Foi isso que me impulsionou a conhecer o Homeschooling. Para quem não sabe, são famílias que escolhem ensinar seus filhos em casa. E por quê? Porque as escolas são cheias de falhas. Neste último sábado, Giulia, Vicente e eu fomos conversar com a Karen Mortean, no Espaço Nascente. E  uma das primeiras coisas que ouvi foi "quem é melhor do que a mãe para saber o que é bom para o filho". Concordo e assino embaixo. Mas será que isso é para minha família? Essa é a primeira pergunta que devemos responder antes de se aventurar a nova experiência. 

Karen tem quatro filhos e largou a profissão de enfermeira para se dedicar integralmente a família. E em relação a rotina dela? Não parece um bicho de sete cabeças, mas é preciso uma certa disciplina, que ela mesma confessa não ser sempre perfeita. E não é preciso estudar 6 horas por dia, basta 40 minutos.

Espaço Nascente
Durante a roda de conversa, a imagem de poder ensinar a minha filha da minha maneira e respeitando os limites dela, foi muito confortante. Fato é que a escola não respeita a individualidade do aprendizado e cada um tem o seu jeito e o seu tempo para assimilar os ensinamentos. Sempre precisei rabiscar para manter minha atenção voltada para a professora, mas por muitas vezes não fui compreendida.  Esse é meu jeito de aprender. Será que a Giulia vai ser assim? Vão saber respeitar? 

Minha preocupação girava em torno da socialização. Mas e o contato com as outras crianças? A Giulia aprendeu tanta coisa desde que foi para a escolinha. Saber dividir brinquedo, não é um ensinamento? Sim, tudo isso tem no homeschooling. Na verdade, aprendi que o contato com outras crianças e, o mais importante, com outras pessoas, sejam adultos, idosos pode se ter em praças, parques e até nos encontros semanais com outros homeschoolers. 

Ah, já estava esquecendo da questão legal. No Brasil, o homeschooling não é regulamentado, ou seja, é necessário ficar bem informado e se associar a outras mães para não ter problemas mais tarde. No Canadá e EUA a prática é bastante comum e muito eficaz. 

Mas será que isto é para minha família? Ainda não sei responder esta pergunta. Talvez opte em escolher melhor a escola da Giulia. Não quero cometer o mesmo erro dos meus pais, mesmo sabendo que eles estavam tentando acertar.  Independentemente da minha decisão, aprendi a respeitar muito estas famílias que decidem pelo ensino domiciliar.  E nada ainda está descartado para mim.

Como dar o primeiro passo? Vale entrar em contato com a Karen Mortean, através do blog diarioescolar.com, e acompanhar um pouco do que é ser homeschooler. Existe também a ANED, Associação Nacional de Educação Domiciliar, que poderá esclarecer bastante coisa.  É bom ficar atento na programação do Espaço Nascente espaco-nascente.blogspot.com.br/, que repetirá a dose de palestras sobre o assunto. 










Um comentário:

  1. Muito legal e interessante, no Canada tem muitas famílias que fazem isso! O Gui já é diferente, sempre adorou a escola, no período que chegamos no Canada e ele ficou comigo em casa fazendo atividades comigo, indo ao parquinho, não foi suficiente, ele começou a ficar triste, me pedia toda hora para ir a escola. O importante é conseguirmos identificar as necessidades dos nossos filhos, pois cada criança tem as suas. :) Beijos adorei o texto

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